Grupo 1 Seminário Virtual

terça-feira, 8 de junho de 2010

Edgar Morin - Os Saberes



Edgar Morin aborda temas relevantes para a educação contemporânea. Temas por vezes ignorados ou deixados à margem de debates a respeito da política educacional. O seu  texto tem o mérito de fazer a introdução de reflexão nova e criativa no contexto das discussões a respeito da educação para o século XXI, que estão sendo realizadas. A leitura de seu livro - Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro – permite uma reflexão voltada para a revisão das práticas pedagógicas atuais, levando em conta a necessidade de situar a importância da educação num todo com seus desafios e incertezas dessa época.
A seguir veremos alguns dos eixos também, considerados caminhos que segundo Morin, se abrem a todos os participantes que fazem e pensam educação com preocupações voltadas para o futuro das crianças e dos adolescentes.
- as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão;
- os princípios do conhecimento pertinente;
- ensinar a condição humana;
- ensinar a identidade terrena;
1.      Ensinar a condição humana
 Neste eixo, Morin fala que a condição humana deveria ser a essência de todo ensino. Ainda diz, que o ser humano ao mesmo tempo é, físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Segundo ele, essa unidade considerada complexa na natureza humana, é completamente desintegrada na educação por meio das disciplinas, o que impossibilita aprender o que significa ser humano. Há necessidade de restauração, para que cada ser se encontre e tomando conhecimento e consciência simultaneamente de sua identidade comum aos outros seres humanos. Sendo assim, se torna possível, reconhecer a unidade e complexidade do ser humano, como base nas disciplinas atuais, numa união organizada dos conhecimentos dispersos nas seguintes áreas do conhecimento (ciências da natureza, nas ciências humanas, na literatura e na filosofia) evidenciando o elo indissolúvel entre a unidade e a diversidade de tudo que é humano.
Ainda neste eixo, Morin, faz algumas observações a respeito do enraizamento/desenvolvimento do ser humano, como:
Ø      No futuro a educação deverá ser o ensino primeiro e universal, tendo como centro a condição humana;
Ø      Conhecer o humano está voltado a situá-lo no universo, nunca provocar separação deste;
Ø      Todo conhecimento deve ser contextualizar seu objeto para ser pertinente – “quem somos?” Não se separa de “onde estamos”, de”onde viemos”, para onde vamos?”. Esses questionamentos implica questionar nossa posição no mundo.
Ø      É necessário promover a consolidação dos conhecimentos vindos das ciências naturais com o objetivo de situar a condição do ser humano no universo, dos conhecimentos derivados das ciências humanas, para assim colocar em evidência a multidimensionalidade e a complexidade humanas.
Falando a respeito do humano do humano, é abordado que, “o homem é um ser a um só tempo plenamente biológico e plenamente cultural, que traz em si a unidualidade originária; O homem e o humano se encontram anelados a três circuitos fundamentais (o circuito do cérebro/mente/cultura; o circuito razão/afeto/pulsão; e o circuito indivíduo/sociedade/espécie) para sua vida enquanto ser e enquanto pessoa.
Para o autor todo desenvolvimento humano implica o desenvolvimento das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento relativo a ser pertencente á espécie humana.
Quanto à unidade do ser humano, ela não está apenas nos traços biológicos da espécie e a diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais e sociais. Há outra unidade e outra diversidade que constrói o perfil das características do ser humano em “ser humano”. Nesse sentido cabe à educação do futuro o papel de cuidar para que a idéia de unidade da espécie, não apague a diversidade e que a diversidade não destrua a unidade. Isso deve ser ainda, uma responsabilidade da educação, em todas as esferas do conhecimento.
Para saber mais sobre esse tema acesse:
2.      As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão
O conhecimento não deve ser utilizado sem que sua natureza seja examinada. O conhecimento do conhecimento deve chegar como uma necessidade primordial para que sirva de preparação para o enfrentamento dos riscos permanentes de erro e de ilusão, que constantemente parasitam a mente humana. Segundo Edgar Morin, trata de armar cada mente no combate vital em direção à lucidez.
Para ele, é preciso introduzir e desenvolver na educação estudo que contemple as características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão.
Deve também ser mostrado na educação que não existe conhecimento que não esteja em algum grau ameaçado pelo erro e pela ilusão. Ainda na opinião do autor, o conhecimento é uma reflexão das coisas ou do mundo externo e todas as percepções são, simultaneamente, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados pelos sentidos, resultando nos inúmeros erros de percepção que vem do sentido mais confiável do ser humano, a visão.
Para Morin, ao erro da percepção, acrescenta-se o erro intelectual, nesse sentido, conhecimento, como palavra, idéia, de teoria, é fruto de uma tradução/construção por meio da linguagem e do pensamento e, por conseguinte, está sujeito ao erroO conhecimento comporta a interpretação, o que introduz o risco de erro na subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de conhecimento.
E então surge grande número de erros de concepção e de idéias que sobrevêm a despeito dos controles racionais do ser humano. A projeção dos desejos ou dos medos humanos, as variações trazidas pelas emoções multiplicam os riscos de erro.
O desenvolvimento do conhecimento científico tem grande potencial como instrumento de detecção de erros e de luta contra as ilusões. Mas ele deixa claro que, os paradigmas que controlam a ciência podem desenvolver ilusões, e que nenhuma teoria científica está isenta para sempre contra o erro. O  conhecimento científico não pode tratar sozinho dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos. A educação precisa se dedicar, por conseguinte, à identificação da origem de erros, ilusões e cegueiras.
Ainda, neste eixo, é questionado, pelo autor a cegueira da educação, que não enxerga o que é o conhecimento humano, seus dispositivos, enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à ilusão; não se preocupa em conhecer o que é conhecer. Ele defende que se tenha o conhecimento da natureza do conhecimento, que implica no estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições psíquicas e culturais que conduzem esse conhecimento ao erro e à ilusão. tem a compreensão de que todo conhecimento comporta risco de erro e ilusão. Para ele a percepção do ser humano é limitada, porque a nossa subjetividade (emoções, sentimentos, temores, etc.), é marcada por preconceitos que decorrem de problemas que são originados em nossa mente. Na  nossa formação intelectual e nas idéias fixas que absorvemos ao longo da vida e que guiam nossas concepções, escolhas e ações. Portanto, é necessário vigiar nossas formas de aprendizagem e conhecimento. 
3.      Os princípios do conhecimento pertinente
Neste eixo da sua obra, Morin defende e surge como deve ser entender e utilizar o conhecimento. Ele chama a atenção para a necessidade de organização de todas as informações, aprendizagens e que devem ser articuladas em suas várias dimensões. Para ele o real conhecimento deve ser pertinente. Deve haver consideração das relações entre os elementos que o geram. Sendo assim, todo o conhecimento deve ser situado dentro de seu contexto para ser compreendido, explicado se fazer uma reelaboração. É preciso ainda, que se trabalhe ou  considere as relações entre o todo e as partes. Ambos  possuem qualidades que facilitam a compreensão e apreensão do conhecimento. O ser humano é multidimensional.  Ao  mesmo tempo ele é biológico, psíquico, social, afetivo e racional, portanto, o conhecimento precisa levar em conta todas essas dimensões. Outra  consideração a ser feita é que deve haver consideração da dimensão da complexidade, isto é, a idéia de que tudo é construído junto, tudo está interligado, existe uma interação entre os diferentes elementos do ensino e  da aprendizagem. 
4.      Ensinar a identidade terrena 
Aqui Morim critica a educação que ignora o destino planetário do gênero humano. Na sua compreensão, ou seja, no seu entendimento, a união planetária é uma exigência racional mínima de um mundo encolhido e interdependente. Faz-se necessário trabalhar a consciência e o sentimento de pertença mútuo, a identidade terrena do ser humano. Atualmente, a realidade de destruição dos ecossistemas e dos recursos naturais que dispomos no planeta é um indicador de que o ser humano está  longe de ter essa consciência planetária.
 Assim sendo, Morin aborda que convém, ensinar a história da era planetária, que tem inicio com o estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século XVI. Mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, sem deixar de denunciar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade. 

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